Nem todos os estudantes sabem que a falta de alguns cuidados pode prejudicar muito o desempenho nos estudos. Especialmente no caso dos vestibulandos, os descuidos podem fazer a diferença entre conquistar a vaga ou ficar de fora da lista de aprovados.
A questão envolve alguns mecanismos que o seu cérebro aciona quando você está assistindo à aula ou estudando sozinho. Esses dispositivos atuam como filtros que entram em ação de forma automática e são verdadeiras armadilhas que se escondem em seu cérebro - ficando ocultas até mesmo de você.
Para aumentar as suas chances de aprender mais e ir bem no vestibular, saiba quais são as armadilhas que fazem a sua vaga mudar de mãos e descubra como evitá-las.
Como o cérebro funciona?
O psicólogo e economista israelense Daniel Kahneman, contemplado com um Prêmio Nobel em virtude de suas pesquisas sobre economia comportamental, demonstrou que o ser humano não toma decisões de forma essencialmente racional.
Isso porque, basicamente, o cérebro processa as informações de duas formas: uma automática e outra consciente. Ambas atuam em conjunto no dia a dia, pois o órgão precisa realizar muitas ações de forma automática para atuar melhor conscientemente.
Quando aprendemos a contar, o nosso cérebro consciente faz esforços para absorver todo o conteúdo e converter o que foi aprendido em um processo automático, por exemplo. Por isso, depois de passarmos dos anos iniciais da fase escolar, não precisamos mais usar desenhos e cubos para responder quanto é sete vezes oito.
Automatizar é ótimo! Saber o caminho de casa, sem ter de pedir orientação em cada esquina, é maravilhoso. Viva o nosso cérebro automático! Imagine se para ir até a sua casa todos os dias você precisasse fazer todas as perguntas como se fosse para um novo destino, por um caminho ainda desconhecido.
As armadilhas que fazem a sua vaga mudar de mãos
Se você quer aproveitar bem suas aulas, aprender de verdade e ir bem no vestibular, fique atento a estes três filtros criados pelo cérebro automático:
1) “Eu já sei isso”
Imagine que você já viu algum conteúdo de Álgebra no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, por exemplo. Independentemente de ter compreendido bem ou não a matéria, você pelo menos já terá certa familiaridade com o assunto. E aí poderá surgir um problema se o cérebro automático criar o registro “eu já sei isso”, desviando a sua atenção da aula.
Então, quando o professor começar a mostrar alguma matéria que lembrar o que você aprendeu antes, o sistema automático acionará esta armadilha. Você simplesmente perderá o foco e se desligará da aula. E a sua atenção, que está na parte consciente do cérebro, se voltará para outras coisas. Você começará a reparar no corte de cabelo do professor, no tipo de roupa que ele usa. Mas nada sobre o assunto da aula entrará na sua cabeça.
E não necessariamente você parecerá desatento se isso acontecer. É possível acompanhar a movimentação do mestre com os olhos – e ele até achará que você é um aluno muito atencioso.
E isso também pode acontecer na hora que você estiver estudando um assunto em casa. Se o cérebro automático interpretar esse conteúdo como “eu já sei isso”, adeus concentração.
2) “Eu nunca vou aprender isso”
Durante sua vida escolar você poder ter encontrado dificuldades em algumas matérias como Matemática, por exemplo. E a recorrência de adversidades poderá ter produzido um padrão de exclusão no seu cérebro automático, rotulando tudo o que estiver relacionado com essa disciplina como “eu nunca vou aprender isso”.
Você nem perceberá isso, pois bastará o cérebro considerar que a aquela aula é uma perda de tempo para você não conseguir prestar atenção. Nada que o professor disser será absorvido pela parte consciente, que é aquela que aprende. Você também vai notar o corte de cabelo e a roupa do professor, mas nada do que ele disser fará diferença.
Isso também pode ocorrer quando você estiver estudando em casa. É o mecanismo que faz você desistir de estudar algumas disciplinas ou tópicos importantes, pois o cérebro automático está te dizendo “não perca o seu tempo”.
3) “Isso não serve para nada”
A terceira armadilha é a do ruído. O cérebro filtra coisas que não estão no foco da sua atenção e as oculta da sua percepção. Isso explica como você consegue conversar com outra pessoa em uma rua barulhenta. O som ambiente agressivo é interpretado pelo cérebro automático como um ruído a ser descartado. Felizmente!
Porém, se você estiver em uma aula na qual o professor esteja ensinando um conteúdo muito diferente e que exija maior atenção, o seu cérebro automático poderá interpretar essa informação como um ruído. E o mesmo também poderá acontecer quando estiver lendo um livro ou uma apostila sobre um assunto mais complexo. Assim, você cairá na armadilha “isso não serve para nada”. O resto você sabe. Não vai aprender o assunto de jeito nenhum!
Como evitar essas armadilhas
Independentemente de atuarem separadas, combinadas ou todas juntas, essas armadilhas podem diminuir a sua atenção, desativando as funções de compreensão, raciocínio, julgamento e tomada de decisão.
Mas existe uma solução simples de explicar, porém difícil de fazer. Entretanto, se você colocar em prática da forma correta, pode ter um resultado positivo na sua aprendizagem e, consequentemente, aumentar as suas chances de conquistar uma vaga na faculdade.
O primeiro passo é desativar a armadilha do “eu já sei isso”, lembrando que sempre há algo novo a aprender. Mesmo que já se conheça um assunto, é importante revê-lo para fixá-lo em seu cérebro e até mesmo para aumentar o seu nível de aprofundamento no tema.
Uma dica é aproveitar ao máximo as aulas, antecipando resoluções de exercícios para avaliar se você realmente domina o assunto. Assim, você poderá se dedicar mais ao estudo aos conteúdos que possui mais dificuldade ou aprofundar o seu conhecimento em algum tópico específico.
Você também precisa desarmar o filtro mais destrutivo, que é “nunca vou aprender isso”. Ele é bastante comum, porque gera uma situação cômoda, dispensando a necessidade de esforço e de superação. Por isso, lute para não cair nessa armadilha, pois é lutando contra as suas dificuldades que você tem mais a ganhar.
Lembre-se que todo o assunto trabalhado em sala de aula pode cair no vestibular. Por isso, é fundamental ter um repertório para aumentar as suas chances de conquistar a tão sonhada vaga na faculdade.
Por fim, não se deixe iludir pela falsa percepção de que algum conteúdo não é tão importante assim. O cérebro automático adora filtrar ruídos. Preste muita atenção nas informações novas e que parecem sem utilidade, mas que permitem aumentar o seu nível de conhecimento. Evite classificá-las como ruídos, concluindo que “não servem para nada”.
Também tenha paciência e seja confiante durante a sua preparação para os exames, pois mesmo uma pequena evolução pode fazer diferença no seu desempenho.
Gostou das informações sobre as armadilhas que prejudicam o seu desempenho no vestibular? É preciso combater ativamente os mecanismos que agem automaticamente desviando a sua atenção, quando você poderia estar aprendendo mais dentro e fora de sala de aula.
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