A Literatura desempenha um papel muito importante nos vestibulares brasileiros, sendo comum que diversas instituições de ensino superior exijam conhecimentos sobre livros específicos em seus processos seletivos.

A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) — principal porta de entrada para a Universidade de São Paulo (USP) — é um exemplo disso. Portanto, se você deseja conquistar uma vaga nessa prestigiada instituição, é fundamental prestar atenção às leituras obrigatórias mencionadas no edital.

Quer saber mais? Neste artigo, você descobrirá:

• Quais são as leituras obrigatórias da Fuvest 2026;
• Como os livros obrigatórios são cobrados no vestibular da Fuvest;
• Como estudar as obras obrigatórias da Fuvest.

Quais são as leituras obrigatórias da Fuvest 2026?

A Fuvest atualizou a lista de obras obrigatórias para o Vestibular 2026, trazendo novidade: todas as 9 obras indicadas são escritas por mulheres autoras de língua portuguesa.

“A edição da Fuvest 2026 representa um marco importante, com a presença exclusiva de escritoras mulheres na seleção das obras obrigatórias. Essa decisão não apenas amplia a visibilidade de autoras que, por muito tempo, estiveram à margem do cânone literário, mas também fomenta uma leitura mais plural, diversa e equânime do mundo literário e acadêmico”, comenta Heric Palos, coordenador de Português do Curso Etapa.

Confira um resumo das nove leituras obrigatórias da Fuvest 2026:

A visão das plantas

Autora: Djaimilia Pereira de Almeida

Movimento literário: Pós-modernismo (romance angolano/português contemporâneo)

Estilo da escrita: introspectivo e poético, o romance combina a linguagem lírica com reflexões filosóficas, criando uma atmosfera de contemplação.

Resumo da obra: a narrativa acompanha Celestino, um velho pirata, ex-traficante de escravizados, cruel e assassino, que se encontra nos últimos dias de vida. A ideia central do livro gira em torno da reflexão sobre a vida, a morte e a redenção, por meio da perspectiva de um homem que está em contato íntimo com a natureza.

As meninas

Autora: Lygia Fagundes Telles

Movimento literário: Pós-modernismo (prosa contemporânea)

Estilo da escrita: a narrativa se desenvolve em primeira pessoa, com a presença de um narrador em terceira pessoa, que costura as narrativas das três personagens. Prosa contemporânea, com linguagem coloquial. 

Resumo da obra: o enredo gira em torno da narrativa de Lia, Lorena e Ana Clara, três estudantes universitárias que vivem no mesmo pensionato de freiras durante uma greve estudantil. A partir das experiências e das memórias das personagens, o livro apresenta diferentes perspectivas sobre o regime político na época, juventude e identidade.

Balada de amor ao vento

Autora: Paulina Chiziane

Movimento literário: Pós-modernismo (romance moçambicano contemporâneo)

Estilo da escrita: sob uso intenso da tradição oral africana, a narrativa entrelaça o cotidiano moçambicano com elementos simbólicos e míticos.

Resumo da obra: a trama gira em torno da intensa relação entre Sarnau e Mwando, marcada por encontros e desencontros, desde a juventude até a maturidade. Essa relação serve como ponto central a partir da qual Sarnau revisita as lembranças de sua vida e reflete sobre sua trajetória turbulenta.

Caminho de pedras

Autora: Rachel de Queiroz

Movimento literário: Modernismo - Segunda fase

Estilo da escrita: a história é narrada em terceira pessoa por um narrador onisciente, que dá voz aos protagonistas – Roberto e Noemi – e a todos os outros personagens – tanto nas esferas pessoal e íntima quanto nas esferas social e política.

Resumo da obra: o livro conta a história de Roberto e Noemi, dois ativistas políticos que se relacionam afetivamente e que acabam separados após serem presos por atividades subversivas. A partir desse enredo, o livro desvenda a realidade da oposição política ao governo de Getúlio Vargas na primeira metade da década de 1930.

Canção para ninar menino grande

Autora: Conceição Evaristo

Movimento literário: Pós-modernismo (literatura brasileira contemporânea)

Estilo da escrita: fiel aos princípios da “escrevivência”, conceito com o qual costuma traduzir sua maneira de pensar a literatura, a autora desafia os limites entre ficção e realidade, dando forma a personagens e situações que, embora possam ter sido baseadas em vivências reais, mostram-se permeáveis à fabulação literária.

Resumo da obra: Fio Jasmim – homem sedutor e mulherengo – envolve-se com diversas mulheres ao longo da vida, em relacionamentos duradouros e casuais, até que a amizade genuína e amorosamente desinteressada com Eleonora – uma mulher lésbica – o fará tomar consciência de sua fragilidade emocional, seu vazio interior e sua solidão.

Memórias de Martha

Autora: Júlia Lopes de Almeida

Movimento literário: Realismo

Estilo da escrita: romance memorialista e de formação, cuja narrativa explora a análise psicológica e a composição de um cenário ágil. O texto traz linguagem clara, direta e acessível, seguindo a norma culta da língua portuguesa.

Resumo da obra: Martha, narradora em primeira pessoa, rememora sua vida desde os cinco até os vinte e quatro anos de idade, passando por diversos episódios de dificuldade e superação. Moradora de um cortiço e filha de uma passadeira, a protagonista sofre humilhações sistemáticas e precisa lidar com a rejeição e a falta de perspectiva de vida. No entanto, graças à sua dedicação e ao seu esforço, ela se destaca nos estudos e se torna uma professora concursada.

Nebulosas

Autora: Narcisa Amália

Movimento literário: Romantismo brasileiro

Estilo da escrita: coletânea eclética, composta por 44 poemas, com diferentes formas e métricas. Dividido em três partes, o livro é aberto com o longo poema que dá título à coletânea e se encerra com a tradução de um poema do escritor francês Victor Hugo, contemporâneo da autora.

Resumo da obra: Na primeira parte, a escritora faz um mergulho introspectivo, dotado de intensa carga imagética e metafórica. Na segunda, os poemas tematizam a solidão, a melancolia, a ausência, com ênfase na evasão romântica. Também há poemas com temática social, como abolicionismo, crítica à monarquia e defesa da república, além do tom feminista. Na parte final, a escritora intensifica a temática social e faz homenagens a seus contemporâneos Castro Alves, Carlos Gomes e Victor Hugo.

O Cristo Cigano

Autora: Sophia de Mello Breyner Andresen

Movimento literário: Literatura contemporânea portuguesa

Estilo da escrita: 11 poemas curtos, escritos com o predomínio da redondilha menor. A linguagem é clara e direta, com forte carga metafórica. O livro tem influência da literatura do poeta pernambucano João Cabral de Mello Neto, contemporâneo da escritora.

Resumo da obra: A obra narra a saga de um escultor em busca da imagem perfeita de Jesus Cristo morto, baseada em uma lenda popular sevilhana recontada à autora por João Cabral de Melo Neto. O título da obra explora a dicotomia e o jogo de contrastes, em diálogo com a tradição barroca.

Opúsculo Humanitário

Autora: Nísia Floresta

Movimento literário: Romantismo

Estilo da escrita: opúsculo, em sua definição, é um ensaio filosófico de pequena extensão com teor polêmico, que aponta questões sociais problemáticas da época. Trata-se de um texto erudito, com citações filosóficas e literárias, que se utiliza de recursos retóricos para determinar ênfase e causar impacto.

Resumo da obra: a obra defende a necessidade da educação feminina para o desenvolvimento da sociedade e faz críticas aos problemas no sistema educacional brasileiro. Também aborda o atraso do Brasil em relação a temas como a escravidão e o patriarcado.

Como os livros obrigatórios são cobrados no vestibular da Fuvest?

Nas últimas edições da Fuvest, as questões de Literatura representaram cerca de 30% das questões de Português, considerando as duas fases do processo seletivo. Por isso, o estudo das obras obrigatórias precisa fazer parte do seu cronograma de estudos.

“De modo geral, as questões de Literatura propostas nesse exame procuram estabelecer diálogos tanto entre as obras quanto das obras com o mundo contemporâneo. Perguntas sobre o enredo dos livros também podem aparecer, embora não sejam tão comuns nesse vestibular”, explica Palos.

Como estudar as obras obrigatórias da Fuvest?

A leitura integral das obras é a melhor forma de se preparar para as questões de Literatura do vestibular da Fuvest. Além disso, os vestibulandos devem refletir sobre como esses livros se relacionam com o mundo em que vivemos.

“Ao realizar essa reflexão, os candidatos perceberão que muitas das problemáticas abordadas pelos livros ainda lhes dizem respeito, mesmo que haja uma distância temporal”, explica o coordenador.

Outra estratégia interessante é a realização de provas anteriores da Fuvest. Mesmo que a lista de leituras obrigatórias tenha sido atualizada de um ano para outro, é possível aprender sobre a forma como o exame cobra a Literatura.

Fazer resumos e buscar por análises das obras também pode ser uma boa estratégia, mas é importante dar preferência àquelas que apresentam uma visão crítica dos livros, ou seja, que não se restrinjam apenas ao enredo.

Durante a prova, o poder de concentração e a interpretação dos textos são fundamentais para garantir um bom desempenho. Leia o enunciado com atenção e, nas questões discursivas, atenha-se a responder exatamente o que a banca elaboradora solicitou. “Muitos participantes tendem a escrever tudo o que sabem sobre a obra, mas esse não é o melhor caminho. Qualquer equívoco, mesmo que seja um detalhe, pode comprometer a pontuação”, ressalta Palos.

Gostou dessas dicas sobre as leituras obrigatórias da Fuvest? Para seguir aprofundando seus estudos, acesse nosso site e confira as análises dos livros que podem aparecer no Vestibular 2026 preparadas pelos professores do Etapa.