Quando o assunto é se preparar para os vestibulares, muitos estudantes só querem saber de um detalhe: quais são os conteúdos mais cobrados nos principais processos seletivos do país. De fato, essa informação pode ajudá-los — e muito! — a elaborar um cronograma de estudos. Mas os candidatos também precisam considerar outros aspectos, como se as provas possuem questões dissertativas ou de múltipla escolha, qual é o grau de dificuldade de cada exame e, ainda, se a banca examinadora trabalha com temas interdisciplinares.
Mas, afinal, você sabe o que é interdisciplinaridade e como essa metodologia pode aparecer nos vestibulares? Neste artigo, nós respondemos a essas perguntas e ainda compartilhamos algumas dicas que podem ajudá-lo a enfrentar as questões interdisciplinares na hora de prestar os principais exames do país. Continue a leitura para saber mais!
Para avaliar o nível de conhecimento dos candidatos, tanto o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) quanto as universidades com vestibulares próprios não cobram o domínio dos conteúdos previstos no currículo do Ensino Médio por si só, mas sim a partir de uma contextualização desses tópicos com temas da atualidade.
As discussões sobre os impactos ambientais, por exemplo, envolvem aspectos sociais, políticos, econômicos, ecológicos e culturais. Logo, esse tema pode ser trabalhado em questões de Biologia, Geografia, História, Matemática e Química, por exemplo. E esse assunto não apenas pode ser contextualizado com o tópico de uma disciplina, como ainda tem potencial para conectar duas ou mais matérias, como na questão do Enem que associou conteúdos de Biologia e de Química com um evento de poluição da água.
A interdisciplinaridade é, justamente, o conceito que explica essa ligação. “De uma maneira geral, essa metodologia envolve a abordagem de um mesmo objeto de estudo a partir do instrumental de duas ou mais disciplinas, de forma a estabelecer um diálogo entre tais matérias”, explica Thomas Wisiak, coordenador de Filosofia, História e Sociologia do Grupo Etapa.
Vale destacar que existe, ainda, a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Mas, afinal, qual é a diferença entre esses conceitos? Descubra a seguir!
“Os vestibulares, especificamente, aplicam a interdisciplinaridade, de forma que o contato e o diálogo entre as diferentes disciplinas é mais superficial, não exigindo tanto rigor em relação ao método de análise dos temas. Assim, pode-se estabelecer uma interação e uma articulação dos conteúdos de várias matérias e, ainda, contextualizá-los, para, então, abordar um assunto da atualidade”, explica Wisiak.
Em uma edição do Enem, por exemplo, a prova de Ciências Humanas trouxe uma questão interdisciplinar de Geografia com Biologia, com textos motivadores que divergiam sobre a relação entre um surto de febre amarela e o rompimento de uma barragem em Mariana (MG).
“A interdisciplinaridade tem uma grande contribuição para a construção do conhecimento, uma vez que busca dar conta da complexidade da realidade, a partir do instrumental disponível em cada disciplina. Nesse sentido, essa metodologia pode contribuir para a formulação de novas perguntas e a definição de novos objetos de estudo”, destaca Wisiak.
“Vale destacar ainda que a presença da interdisciplinaridade nos vestibulares é um ensaio para os desafios que os estudantes enfrentarão como universitários, futuros profissionais e cidadãos, visto que o mundo está cada vez mais globalizado, o que torna o mercado de trabalho mais dinâmico e exigente. Por isso, os vestibulandos devem obter conhecimentos em diferentes áreas para, posteriormente, conectá-los e entrelaçá-los. Dessa forma, eles conseguirão desenvolver diferentes competências e habilidades”, pontua Roseli Macedo, coordenadora de Biologia do Colégio Etapa.
“O perfil das questões dos vestibulares está manifestando, cada vez mais, um caráter interdisciplinar, desafiando os estudantes a apresentarem diferentes habilidades, como o domínio dos conteúdos, com ampla abrangência entre as áreas do conhecimento, além das capacidades de observar, interpretar, conectar e argumentar”, avalia Macedo.
“É comum, por exemplo, a elaboração de questões interdisciplinares cuja conexão entre as matérias ocorre a partir do uso de um material de apoio, como um gráfico, uma imagem, uma tabela, um texto ou até mesmo a combinação desses tipos de conteúdo”, complementa Wisiak.
Algumas amostras desse tipo de questão podem ser encontradas na Fundação Universitária do Vestibular (Fuvest). Uma questão apresentada há alguns anos, por exemplo, exigia que os candidatos fizessem a interpretação de uma tirinha em inglês para fazer um cálculo matemático.
“Outra, articulava um assunto de Física — comprimento e frequência de ondas — com um tópico de Matemática — logaritmo —, exigindo que os candidatos fizessem a leitura, a interpretação e a coleta de dados presentes em um gráfico para chegar à resposta certa”, acrescenta Macedo.
“Além disso, o vestibular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) recentemente apresentou uma questão que envolvia um assunto de Biologia — composição química das células — e a parte gramatical da Língua Portuguesa. Para marcar a alternativa correta, os candidatos precisavam não só dominar esses conteúdos, como fazer uma leitura atenta do material de apoio, compreendendo e interpretando bem as informações do enunciado”, exemplifica Macedo.
“Os estudantes devem se dedicar aos estudos, considerando diferentes estratégias de preparação, como revisões e simulados, para aprimorar as habilidades de observar, interpretar, conectar e argumentar sobre um objeto que envolve diversas áreas do conhecimento. Além disso, vale a pena rever as questões dos vestibulares anteriores para ter a percepção e o conhecimento sobre as diferentes abordagens que podem ser feitas a partir de cada conteúdo”, sugere Macedo.
“Os estudantes também precisam estar atentos às possibilidades de diálogo entre as diferentes disciplinas, especialmente no caso de assuntos que facilitem essa aproximação. No caso da História, por exemplo, é comum o estabelecimento de uma relação com as Artes, a Filosofia, a Geografia, a Literatura e a Sociologia”, indica Wisiak. Um exemplo é uma questão da Unesp que aborda História da Arte.
Os vestibulandos também devem ficar atentos à segunda fase do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que conta com duas questões interdisciplinares de Inglês no primeiro dia, além de duas questões interdisciplinares de Ciências da Natureza e duas questões interdisciplinares de Ciências Humanas no segundo dia.
“É importante, ainda, ficar atento às atualidades, que ampliam os conhecimentos dos estudantes e podem ser abordados por várias disciplinas simultaneamente”, conclui Macedo.
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