O Curso Etapa realizou mais uma edição do Ciclo Etapa de Orientação Profissional (CEOP) no dia 24 de agosto. O evento, realizado no formato híbrido, foi destinado aos estudantes interessados em conhecer as particularidades da carreira de Medicina.
Os profissionais convidados foram Patrícia Tempski, médica pediatra e coordenadora de Ensino e Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); e Mílton de Arruda Martins, professor de Clínica Médica e coordenador do curso de Medicina da FMUSP.
Julio Min Fei Zhang, ex-aluno do Curso Etapa e atualmente cursando o 4º ano de Medicina da FMUSP, também participou do evento. Juntos, eles esclareceram as dúvidas dos alunos sobre os principais aspectos da profissão.
A seguir, confira os destaques do CEOP 2022 – Medicina:
Diferenças entre as propostas pedagógicas
Tempski explica que, atualmente, são aplicados três tipos de currículos nos cursos de Medicina do Brasil, sendo que cada currículo é dividido em ciclos de ensino:
- Currículo em H – Nos dois primeiros anos, o estudante aprende o Ciclo Básico, no qual se estuda as disciplinas de Ciências Básicas, tais como Anatomia, Bioquímica, Fisiologia, Histologia, Microbiologia e Parasitologia. Já no terceiro e quarto anos, ocorre o Ciclo Clínico, com disciplinas que envolvem as principais áreas da Medicina, como Cardiologia, Clínica Médica, Endocrinologia, Geriatria e Pediatria.
O terceiro ciclo, denominado Internato, é realizado nos dois anos finais e consiste em um estágio supervisionado. Neste momento, o conhecimento adquirido nos ciclos anteriores é posto em prática. - Currículo em Z – No primeiro ano de curso, o estudante já tem algum contato com a prática médica, que vai aumentando gradativamente a cada ciclo. Dessa forma, o aluno deve cumprir a rotina prática juntamente com o estudo das disciplinas específicas dos Ciclos Básico e Clínico, que são ministradas até o final do curso.
- Currículo Integrado – É semelhante ao Currículo em “Z”, quando se trata da atividade prática vinculada à teoria. A diferença está na aplicação da interdisciplinaridade entre as matérias desde o início do curso, quando os conteúdos teóricos das disciplinas - tanto do Ciclo Básico quanto do Ciclo Clínico - são estudados de forma integrada.
Escolha pela especialidade médica
O processo para escolher uma especialidade começa durante a graduação, de modo que o estudante vai vivenciando as experiências acadêmicas até decidir a área de interesse no período final ou após o curso.
“Durante a graduação, o aluno tem a oportunidade de participar de disciplinas optativas, ligas acadêmicas, atividades de pesquisa e diversos programas que permitem o contato com inúmeras áreas médicas. Dessa forma, é possível conhecer as áreas de interesse e se aprofundar nelas. A Medicina exige uma formação muito longa, pois são muitas possibilidades”, explica Mílton Martins.
Residência médica
A Residência Médica é uma pós-graduação com duração de dois a cinco anos. Para completar a formação, o estudante deve prestar concurso para um hospital que oferece o programa de Residência na especialidade escolhida.
Após esse período, o recém-formado recebe uma licença para atuar em clínicas, hospitais, unidades básicas e outros centros de saúde na área em que se tornou especialista. Contudo, Martins reforça que nem todo médico precisa, necessariamente, optar pela Residência. “Em alguns casos, é possível fazer um outro tipo de especialização ou continuar atuando como médico generalista”, afirma.
Pesquisa
A pesquisa científica em Medicina é outra área promissora. Assim como ocorre na escolha das especialidades, o estudante também descobre a aptidão para a pesquisa durante a vivência universitária.
Patrícia Tempski destaca que o perfil acadêmico da universidade é decisivo para que o jovem possa se dedicar intensamente às oportunidades científicas. No entanto, também é possível que um estudante de Medicina consiga participar de projetos de pesquisa, mesmo que a instituição de ensino não tenha foco científico.
“O profissional sempre pode adquirir conhecimentos relevantes para a sua carreira. Ser médico e pesquisador é a mesma coisa, porque o estudo nunca acaba. A cada caso, é possível aprender uma coisa nova”, ressalta.
Escolha e satisfação
Antes de seguir carreira em Medicina, Julio Zhang ponderou sobre o estilo de vida que gostaria de ter no futuro. “Pensei nas experiências que viveria durante o meu cotidiano, especialmente porque a Medicina tem carga de trabalho extensa. Se você está praticando um hobby, pode simplesmente parar quando se cansar. Mas quando você estiver exercendo a profissão de médico e se cansar, só poderá descansar após o término do seu plantão”, conta.
Patrícia Tempski reforça a importância de o estudante ter resiliência para enfrentar os desafios que a realidade da profissão impõe. “O mais legal na Medicina é encontrar um propósito. Todos os dias, o médico tem a chance de impactar positivamente a vida do paciente. Se o profissional tem clareza disso, a superação dos obstáculos se torna mais fácil”, conclui.