Há um bom tempo a prova de Português, nos mais variados vestibulares, se consolidou como um exame de análise/interpretação de textos, o que tem se tornado, gradativamente, mais elaborado. Em tempos recentes tem-se revelado fundamental para o ingresso nos mais variados cursos, das mais variadas instituições de Ensino Superior do país. Para fins didáticos, consideremos as provas em três aspectos: linguagem, literatura e redação.
A Gramática tem sido avaliada por meio da capacidade que o candidato deve ter para ler, compreender e interpretar criticamente textos de toda natureza: literários e não literários. Os conhecimentos linguísticos são exigidos na produção, correção, coesão e coerência. Ou seja, o domínio da norma culta da língua escrita é pressuposto, bem como o reconhecimento de outras variedades linguísticas e a posse de uma vivência de leituras de textos literários. Tem-se, de modo geral, optado por um formato de exercício em que há um trecho para uma única questão e enunciados que contenham uma breve contextualização do assunto cobrado. As fontes desses textos são aquelas a que os candidatos estão expostos no cotidiano: revistas, jornais, propagandas, sites etc. Além disso, questões que mesclam linguagem verbal e não verbal, que demandam não só um bom domínio da língua como a capacidade de se estabelecer relações, de abstração e de observação.
Em Literatura espera-se que o candidato tenha domínio de obras selecionadas e do porquê de elas serem as mais significativas de um período. Analisar, reconhecer e interpretar textos dessas obras, além de compará-los com outros de diferentes épocas e autores é outro aspecto bastante cobrado. Alguns exames exigem leituras obrigatórias, que contemplam as mais variadas linhas e estilos literários, tanto da literatura brasileira quanto da portuguesa e africana. A leitura integral é pressuposto e, por isso, não são incomuns as questões que envolvem não apenas um fragmento de texto, mas o conjunto da obra, com referências a detalhes de personagens, tempo, espaço e contexto social. Por fim, a prova de Redação procura verificar a capacidade que os candidatos têm de opinar, refletir, formular hipóteses voltadas à interpretação de situações vazadas nos mais diferentes tipos de texto. No Enem, como já é bastante sabido, há a exigência de uma proposta de resolução de problemas, cuja ideia é avaliar a capacidade de correlação e de se posicionar face a um tema.
A Unicamp manteve o formato de solicitar duas redações confeccionadas em tipologias textuais diferentes. No exame de 2019, em uma das propostas o candidato era convidado a redigir um texto destinado ao diretor de uma escola da rede pública de modo a exigir uma retratação e a manutenção das aulas de Filosofia; na outra proposta o candidato deveria questionar o que faria o Brasil ter melhor desempenho no ranking dos indicadores de desenvolvimento – IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e PIB (Produto Interno Bruto). Essa proposta foi mais complexa que a primeira, pois exigia a leitura de gráficos e sugeria que se montasse uma situação fictícia de desenvolvimento para o Brasil. Cabe ressaltar que, embora com essa roupagem, a Unicamp pediu, no fundo, duas dissertações argumentativas.
O tema de Redação da Fuvest 2019 não trouxe grandes surpresas, uma vez que se mantiveram as tendências dos últimos exames: vários textos com vertentes diversas e um tema bipolar. Os textos refletiam as posições de seus autores a respeito da memória (ou da falta dela) e da História. Tratava-se de uma coletânea bem selecionada, que comentava os dois polos da proposta – o passado e o presente – sob o viés dos dois eixos memória e História.
A Vunesp, que normalmente opta por temas mais prosaicos, focalizou o consumismo como um traço característico da sociedade contemporânea. Finalmente. A Unifesp, que costuma seguir um modelo parecido com a Vunesp, trouxe à tona um assunto polêmico e recorrente: a eutanásia. A banca, como sempre, apresentou textos-base que traziam perspectivas distintas, as quais auxiliaram bastante a construção de um texto também dissertativo-argumentativo.
Em todos os exemplos citados, o gênero redacional dominante é o dissertativo. O texto produzido deve estar consonante com a norma padrão e deve revelar, da parte do autor, o domínio da língua e a versatilidade na exposição de articuladores. Espera-se uma redação bem elaborada, simples, correta, coesa, com uma argumentação coerente e sem propostas mirabolantes e inexequíveis para problemas comuns, que precisam ser pensados e repensados. É o esperado e desejado. Sempre é muito válido lembrar e reforçar que uma boa redação é resultado de treino, leituras e boa vontade do redator.
Confira as tendências do vestibular em Português:
Enem:
Questões significativas, como exemplo:
Fuvest – 1ª fase:
Literatura, com leitura obrigatória:
Fuvest – 2ª fase:
Linguagem verbal e não verbal:
Unicamp – 1ª fase:
Interpretação de texto:
Unicamp – 2ª fase:
Exigência de leitura integral de obra obrigatória:
Vunesp – 1ª fase:
Gramática Aplicada:
Vunesp – 2ª fase:
Relações semânticas a partir de texto literário:
Unifesp – Fase única:
Entendimento e compreensão, a partir da análise de texto verbal e não verbal:
Redação 2019:
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