Como já havia ocorrido em 2017, as questões de Física da prova de Ciências da Natureza e suas Tecnologias do Enem 2018 foram bastante exigentes. Curiosamente, as poucas questões que envolviam algum tipo de cálculo foram as mais fáceis. Os alunos necessitavam dominar diversos conceitos do programa do Ensino Médio espalhados pelas diversas áreas, principalmente Mecânica, Eletricidade e Ondulatória. Em algumas questões os conceitos envolvidos foram bem específicos e não tão tradicionais.
A contextualização continua sendo uma característica importante da prova, porém sem muitos exageros, o que tem produzido questões com enunciados menores. É possível perceber uma melhora constante na qualidade das questões específicas de Física e uma evolução na distribuição mais equilibrada de assuntos. Na última edição, chamou a atenção o aumento de questões envolvendo Eletricidade, assunto que em algumas edições não tinha sido representado com a sua devida importância. Já Ondulatória manteve o destaque que tem se repetido nas últimas edições do Enem. Além de uma boa capacidade de interpretação, a Física no Enem exige domínio conceitual abrangente, tornando a parte de Física, em alguns momentos, mais difícil do que nas provas de 1ª fase da Fuvest, Unicamp etc.
O vestibular da Fuvest, pela sua tradição, criou um “jeitão” bastante consolidado. As questões de Física apresentam uma boa abrangência do programa do Ensino Médio, com aspectos mais gerais na 1ª fase e com o acréscimo de tópicos mais específicos na 2ª fase. Como sempre, o conteúdo, o raciocínio e a habilidade algébrica estiveram presentes na última edição. Na 1ª fase a contextualização foi bastante direta, sendo que em várias questões ela não esteve presente. Outra característica foi a utilização de questões muito parecidas com as de edições anteriores, tornando a prova extremamente clássica, sem muitas surpresas. Nas poucas questões menos tradicionais, o “Note e adote” estava presente para colaborar com os detalhes menos conhecidos. Com um aumento no grau de dificuldade, mais uma vez a 1ª fase da Fuvest foi um exemplo de uma excelente prova de conhecimentos gerais.
Com a redução de três para dois dias de provas na 2ª fase da Fuvest, nem todos os candidatos resolveram questões escritas de Física (nem todas as carreiras resolvem todas as questões). Percebemos que as seis questões de Física da 2ª fase foram no mesmo estilo do que anteriormente chamávamos de “terceiro dia” da 2ª fase. Com boa distribuição de assuntos, todas as questões cobraram cálculos, sendo que em algumas as contas deram um bom trabalho. As questões resolvidas pela maior parte das carreiras apresentaram conceitos tradicionais de Mecânica, Eletricidade e Termologia. Uma das questões com maior grau de dificuldade cobrava conceitos de Ondulatória (Interferência). Diferente de edições anteriores, não presenciamos uma questão envolvendo Física Moderna. No geral, com pequenas variações, foram mantidas as características principais da prova de Física que era realizada no terceiro dia da 2ª fase da Fuvest.
Como tem ocorrido nas últimas edições, as questões de Física da 1ª fase da Unicamp não apresentaram muitas dificuldades. Com uma boa abrangência, os principais conceitos físicos foram cobrados de forma simples e direta. Um recurso utilizado em dois momentos foi apresentar um pequeno texto para depois cobrar três questões consecutivas. A maior dificuldade observada na 1ª fase foi o trabalho com as unidades, pois em várias questões era necessário alterar as unidades originais fornecidas pelo enunciado. Para carreiras muito disputadas foi importante um elevado índice de acerto.
A 2ª fase da Unicamp foi bastante exigente, mantendo uma tradição dos últimos anos. Das seis questões, apenas duas não apresentaram muitas dificuldades. A necessidade de realizar estimativas esteve presente em uma questão de Termodinâmica. Em todas as questões, o item a era mais direto e o item b mais exigente. Com uma boa abrangência e contextualização adequada, a prova de Física exigiu amplo domínio conceitual, incluindo temas não muito tradicionais, como Capacitores. Já a questão envolvendo Física Moderna fornecia no enunciado a expressão relativa ao fenômeno envolvido. Uma boa prova de conhecimentos específicos de Física.
Quase sempre os vestibulares mais tradicionais não apresentam muitas surpresas em seus exames. Não foi o caso da 1ª fase da Vunesp 2019. Tivemos muitas questões efetivamente interdisciplinares, exigindo conceitos e pré-requisitos de duas ou mais matérias. Não é fácil fazer questões nesse formato e a Vunesp conseguiu uma excelente qualidade. Praticamente metade das questões da 1ª fase apresentou essa característica. Tal inovação o pode ter causado uma dificuldade a mais, tanto pela surpresa como pela própria dificuldade desse tipo de questão.
Apesar da inovação na 1ª fase, as questões de Física da 2ª fase da Vunesp foram bem tradicionais. Com apenas três questões, em algumas a mistura de partes do programa foi feita sem nenhuma preocupação com a contextualização. Com maior presença de Mecânica, a prova apresentou nível médio, exigindo situações bastante exploradas durantes os estudos.
A 2ª fase da Unifesp 2019 respeitou o padrão já observado em anos anteriores. Como de costume, valeu-se das cinco questões para cobrar a Física de maneira abrangente, com a presença de Cinemática, Dinâmica, Termologia, Óptica e Eletricidade. Com enunciados bem construídos e contextualização direta, os conceitos cobrados não apresentaram grandes novidades. Já os cálculos foram muitos e nem todos simples. Uma questão de Óptica que exigia a formação da imagem de um objeto extenso pode ter causado maior dificuldade entre os candidatos. No geral, foi uma boa prova de conhecimentos específicos.
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