O vestibular da Unicamp é a porta de entrada para uma das melhores instituições de ensino superior da América Latina, a Universidade Estadual de Campinas, que oferece mais de 60 cursos de graduação em quatro campi espalhados pelo estado de São Paulo.
Ganhadora do prêmio Geração de Patentes¹ — reconhecimento por ser uma das principais instituições responsáveis pela produção científica no Brasil —, a Unicamp é o sonho de muitos estudantes, que se dedicam intensamente para conseguir uma das concorridas vagas da instituição.
As questões de Literatura estão presentes nas duas fases do vestibular, seja na forma de múltipla escolha (1ª fase) ou no formato dissertativo (2ª fase). As provas abordam obras literárias predefinidas pela Comissão Permanente para os Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Comvest) — os livros obrigatórios da Unicamp. Para alcançar uma boa nota, é fundamental incluir essas obras no seu cronograma de estudo.
Para apoiar a sua preparação, neste artigo você poderá conferir:
A lista de leituras obrigatórias para a Unicamp 2025 é formada por nove obras. Conheça mais sobre cada uma delas.
Autor: José Paulo Paes
Movimento literário: Modernismo (influência) / Poesia Contemporânea
Estilo da escrita: estilo epigramático, conciso, com humor e ironia; versos livres e prosa poética.
Resumo da obra: publicado no início dos anos 1990, o livro é dividido em "Prosas" e "Odes Mínimas". Com humor e ironia, o autor aborda temas do cotidiano como morte, família e experiências pessoais. Influenciado pelo Modernismo, Paes utiliza uma escrita concisa, muitas vezes irônica, para explorar profundidades filosóficas e críticas sociais. O livro valoriza a brevidade e a profundidade, refletindo sobre a existência e o fazer poético.
Autor: Conceição Evaristo
Movimento literário: Pós-Modernismo
Estilo da escrita: prosa poética, introspectiva e altamente lírica, com uso de oralidade e coloquialismos.
Resumo da obra: publicado em 2014, Olhos d’água é uma coleção de quinze contos que retratam a vida de personagens negras, principalmente mulheres, enfrentando situações de racismo, de desigualdade e de violência. A obra reflete sobre a experiência étnica e de gênero e é marcada pela “escrevivência”, um conceito criado pela autora que une escrita e vivência, dando voz a histórias pessoais e coletivas. Os contos enfatizam a resistência, a luta e a esperança, destacando a importância da memória e da ancestralidade.
Autor: Ailton Krenak
Movimento literário: Pós-Modernismo (Prosa contemporânea)
Estilo da escrita: prosa limpa e fluente, com uso de metáforas e ironias, em tom de conversa.
Resumo da obra: o livro reúne cinco textos baseados em palestras e entrevistas realizadas pelo autor entre 2017 e 2020, em que ele questiona conceitos da humanidade e da civilização, critica valores capitalistas e promove a sabedoria ancestral dos povos indígenas como um antídoto ao individualismo moderno. A obra destaca a necessidade de reconfigurar nossa sociedade com uma perspectiva coletiva e ecológica.
Autor: Machado de Assis
Movimento literário: Realismo, com elementos do Romantismo
Estilo da escrita: narrativa em primeira pessoa, com linguagem clara e crítica social.
Resumo da obra: publicada inicialmente em folhetins entre 1885 e 1886, a novela Casa Velha é narrada por um padre que se envolve nas tensões de uma família aristocrática no Rio de Janeiro. A trama central gira em torno do romance proibido entre Félix, o herdeiro da casa, e Lalau, uma agregada. A obra critica a sociedade patriarcal e as hierarquias sociais do Brasil no século XIX, destacando questões de poder e de moralidade.
Autor: Lima Barreto
Movimento literário: Pré-Modernismo
Estilo da escrita: estilo direto e claro, conforme a norma-padrão da língua portuguesa, com expressões populares e uso intenso de ironia.
Resumo da obra: o romance, dividido em doze capítulos, é uma paródia de biografia na qual o biógrafo, Augusto Machado, narra a vida do funcionário público Gonzaga de Sá. Por meio de digressões, a obra aborda diversos temas da sociedade brasileira da Primeira República, como o funcionalismo público, a sociedade clientelista, o racismo científico e a elite aristocrática. Com personagens como D. Escolástica e Romualdo, a narrativa revela as hipocrisias e as transformações sociais da época, retratando a vida restrita dos funcionários públicos.
Autor: Paulina Chiziane
Movimento literário: literatura africana contemporânea
Estilo da escrita: narrativa em primeira pessoa, com uso de metáforas, alegorias e humor delicado.
Resumo da obra: publicado em 2002, o livro aborda a poligamia em Moçambique por meio da história de Rami, que descobre que seu marido tem outras esposas. A narrativa explora a união entre essas mulheres para alcançar independência e dignidade, enfrentando o patriarcado e a tradição. Temas como empoderamento feminino e construção de identidade são centrais na obra, que reflete sobre a luta por igualdade e a crítica social.
Autor: Caio Fernando Abreu
Movimento literário: Pós-Modernismo (Conto contemporâneo)
Estilo da escrita: experimental, variando entre disruptivo e lírico, com uso de fluxo de pensamento, discurso indireto livre e elementos culturais.
Resumo da obra: publicada em 1982, a obra é dividida em três partes: "O mofo", "Os morangos" e "Morangos mofados", representando, respectivamente, a pulsão de morte, a pulsão de vida e a combinação de ambas. Abreu aborda temas como incomunicabilidade, sexualidade, medo, morte e solidão, refletindo a experiência de uma geração pós-ditadura no Brasil. Com contos que variam em estilo e foco narrativo, a obra explora a fragmentação do indivíduo e a atmosfera cultural da época, utilizando uma escrita introspectiva e formalmente inovadora. Os contos selecionados da obra para a Unicamp 2025 são “Diálogo”, “Além do ponto”, “Terça-feira gorda”, “Pera, uva ou maçã?”, "O dia em que Júpiter encontrou Saturno" e “Aqueles dois”.
Autor: Cartola
Movimento literário: Música Popular Brasileira (MPB) / Samba
Estilo da escrita: letras poéticas, com forte presença de oralidade e ritmo, refletindo temas sociais e pessoais.
Resumo da obra: as dez canções escolhidas para o vestibular da Unicamp incluem “Alvorada”, “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho”. As músicas de Cartola tratam de amor, desigualdade social e da passagem do tempo, com uma poética que reflete a vida nos morros do Rio de Janeiro. As letras, ricas em imagens e sentimentos, abordam a resistência cultural e a marginalização social.
Autor: Lewis Carroll
Movimento literário: Literatura Inglesa
Estilo da escrita: prosa narrativa em terceira pessoa, com jogo de palavras, situações absurdas e atmosfera onírica.
Resumo da obra: publicado em 1865, o livro narra as aventuras de Alice, uma menina que cai numa toca de coelho e entra em um mundo fantástico cheio de criaturas peculiares. A obra subverte regras lógicas e sociais da Inglaterra vitoriana, sendo uma crítica ao conservadorismo e à moral da época. A narrativa explora temas como a curiosidade, a identidade e o absurdo. É importante o estudante saber que é válido o estudo por qualquer tradução da obra, mas que as adaptações estão excluídas.
Na primeira fase da Unicamp, são cobradas doze questões distribuídas entre Língua Portuguesa e Literatura; na segunda fase, são seis. As obras literárias podem ser trabalhadas nas duas fases, ou seja, em questões objetivas e discursivas. Portanto, é importante estudar as obras para todas as etapas do vestibular.
As perguntas que abordam os livros, os contos e as canções não são construídas para uma verificação de leitura que se preocupa apenas com a memorização do conteúdo. Neste vestibular, as obras são trabalhadas a partir de diferentes relações, entre elas:
Ao organizar os estudos para o vestibular, os estudantes podem se perguntar sobre a necessidade de ler todos os livros na íntegra ou apenas conferir resumos e críticas para se preparar para a prova.
A melhor estratégia, de acordo com a forma que as obras são trabalhadas no exame, é ler os textos completos. O vestibular da Unicamp espera selecionar leitores críticos capazes de elaborar relações entre o mundo e o conteúdo transmitido pelos autores selecionados, o que não pode ser alcançado apenas com a leitura de resumos, que já passaram pelo filtro de uma outra pessoa.
“O vestibular da Unicamp tem se notabilizado por questões muito exigentes, tanto relacionadas ao enredo, quanto ao entendimento e compreensão dos textos demandados. Assim, a leitura apenas de resumos não é suficiente, embora eles possam ser ferramentas muito úteis para quem leu as obras integralmente”, orienta Heric Palos, coordenador de Português do Curso Etapa.
Dessa forma, a leitura da obra completa é fundamental para desenvolver uma interpretação aprofundada e contextualizada dos títulos exigidos pelo vestibular, além de contribuir para a formação de repertório, para as questões de Língua Portuguesa e de Literatura, para a redação e para as demais questões discursivas do exame.
Como se trata de nove obras literárias obrigatórias, preparamos, a seguir, algumas dicas para organizar a leitura e também para estudar o restante do conteúdo do vestibular:
Começar pelas obras mais difíceis permite que você defina seu tempo de leitura e possa criar uma rotina de estudos com mais precisão. Textos mais curtos, por exemplo, podem ser mais desafiadores e demandar mais tempo de estudo, como é o caso da poesia. Elaborar um cronograma de preparação para o vestibular a partir das obras que exigem mais dedicação é uma forma de se organizar para não faltar tempo na reta final.
Uma das competências importantes para a prova é conseguir contextualizar a obra dentro do seu período histórico e a partir das características da respectiva escola literária.
O estudante que vai prestar o vestibular da Unicamp deve investigar as obras literárias e buscar relações relevantes dentro da própria obra e também como ela se conecta com o mundo contemporâneo. Uma orientação importante é verificar a relevância das problemáticas levantadas nas obras para os dias atuais e ter atenção para a evolução ou a involução das personagens.
“Parece que existe uma preocupação da banca em selecionar obras literárias que se conectem com a atualidade, mesmo que essa relação não seja imediata. Por exemplo, algumas relações sociais apontadas e ironizadas por Machado de Assis se fazem presentes até hoje; ou a brutalidade cotidiana – e até certo ponto banalizada – tão presente nos contos de Conceição Evaristo; ou, ainda, a atualidade e a beleza das canções de Cartola, imortalizadas nas vozes de inúmeros intérpretes do passado e do presente”, comenta Palos.
Com esse direcionamento, é possível se preparar melhor para as provas e criar uma base sólida sobre as obras literárias obrigatórias para resolver as questões de Literatura e alcançar a tão sonhada aprovação no vestibular.
Agora que você já sabe quais são as canções, os contos e os livros obrigatórios para a Unicamp 2025, aprofunde seus estudos! Confira as análises dos professores do Curso Etapa sobre os textos cobrados nos principais vestibulares do país.
¹ Prêmio Geração de Patentes, realizado pela Clarivate Research Excellence Awards.