De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural, 71% das crianças de 5 a 10 anos e 81% dos pré-adolescentes, cuja idade varia dos 11 aos 13 anos, têm o hábito de ler. Porém, há uma tendência de queda a partir da faixa etária posterior, que engloba os adolescentes, fase que dura dos 14 aos 17 anos.
O estudo também mostrou que 48% das crianças de 5 a 10 anos e 33% dos pré-adolescentes leram algum livro nos últimos 12 meses por gosto. Já no caso dos adolescentes, essa porcentagem cai para 24%. Os números são ainda menores quando a motivação para a leitura envolve uma exigência escolar, alcançando apenas 12% dos discentes com 5 a 10 anos, 11% daqueles com idade entre 11 e 13 anos e 10% dos adolescentes.
Para reverter esse quadro, é fundamental que a escola e os pais incentivem os estudantes a desenvolverem o gosto pelos livros durante a infância e a adolescência. Nesse sentido, a literatura infantojuvenil não só contribui para que as crianças e os adolescentes desenvolvam o hábito de ler, como também é benéfica para a formação acadêmica e pessoal deles.
Quer saber mais? Então continue a leitura para descobrir o que é e qual a importância da literatura infantojuvenil, além de conferir dicas de como incentivar as crianças e os adolescentes a lerem mais.
As obras literárias infantojuvenis são voltadas para os estudantes com idade entre 5 e 13 anos. E é justamente por englobar essa faixa etária que esse tipo de literatura possui um papel fundamental.
“É durante as séries intermediárias da educação básica que os estudantes constroem o hábito de leitura que levarão para toda a vida. Isso porque essa fase é marcada por grandes mudanças, visto que as crianças começam a se despedir do universo infantil em direção ao mundo adulto. Assim, elas desenvolvem suas capacidades de ler e de interpretar o mundo, passando a ter um olhar mais crítico sobre diferentes fatos”, explica Paulo Mucci, coordenador do Ensino Fundamental II do Colégio Etapa Valinhos.
“Por isso, durante essa etapa, os estudantes devem ser incentivados a descobrirem quais gêneros lhes despertam o interesse, de forma que comecem a encarar a literatura como uma nova forma de aprendizagem, buscando por livros que abordem os temas que os interessam. Assim, eles ampliarão o próprio vocabulário ao mesmo tempo que desenvolvem o autoconhecimento e compreendem melhor o mundo”, complementa Mucci.
Vale destacar que os livros infantojuvenis e a literatura infantil fazem parte de gêneros literários diferentes. “Geralmente, as obras destinadas às crianças que estão na Educação Infantil apresentam mais ilustrações e menos palavras, já que se trata de um público em fase de pré-alfabetização”, afirma Celia Passoni, coordenadora do Grupo Etapa.
“Já no caso das crianças que dominam a escrita e a leitura e dos adolescentes, a tendência das obras é fortalecer os aspectos verbais em detrimento dos elementos visuais, visto que o gosto pela leitura e o poder de concentração tendem a ser desenvolvidos com o avançar das faixas etárias. Por isso, as produções elaboradas para esse público podem ser de diferentes gêneros, mas a abordagem e o conteúdo dos livros varia de acordo com a idade dos leitores”, acrescenta Passoni.
Ademais, vale destacar que a literatura infantojuvenil possui inúmeros benefícios. “Durante a fase escolar, é muito importante desenvolver a organização e a capacidade de reter informações. E o contato com a literatura infantojuvenil, além de estimular uma maior aptidão para a aprendizagem, contribui para o desenvolvimento da autonomia e da criatividade. Por isso, os adolescentes que possuem o hábito de ler conseguem ler, interpretar e escrever textos de forma mais fácil”, destaca Mucci.
“Portanto, é fundamental que os adolescentes tenham contato com gêneros textuais variados ao longo de toda sua formação. Assim, os estudantes vão acumular um repertório significativo de leituras que contribuirá para que formulem seus próprios argumentos e opiniões”, reitera Mucci.
“Inclusive, costuma-se dizer que a versatilidade do pensamento nasce justamente do hábito de ler. E isso é facilmente comprovado! Se o escopo vocabular de um adolescente for de cerca de mil palavras, por exemplo, ele pensará e se expressará a partir apenas desses termos. Mas se ele dobrar seu vocabulário, passará a ter mais facilidade para moldar seus pensamentos e suas formas de expressão”, declara Passoni.
“Por isso, podemos afirmar que a leitura não só amplia o vocabulário e o conhecimento das crianças e dos adolescentes, como contribui para o desenvolvimento da imaginação, da inteligência e da visão de mundo dos estudantes”, avalia Passoni.
Agora que você já sabe o que é e qual é a importância da literatura infantojuvenil, pode estar se perguntando como despertar o gosto e o hábito da leitura nas crianças e nos adolescentes. Pensando nisso, nós separamos algumas dicas que podem lhe ajudar. Confira a seguir!
“As competências cognitivas das crianças devem ser incentivadas desde a mais tenra idade, inclusive durante a gestação, por meio de músicas e das vozes maternas e paternas. Depois do nascimento, os pais podem despertar o hábito da leitura nos pequenos, lendo em voz alta, deixando os filhos manusearem livros e mantendo uma biblioteca específica ao alcance deles”, pontua Passoni.
“Vale destacar que há livros com diferentes fins e para todas as idades, que podem ser lidos durante o banho e até na hora de dormir. E esse é um hábito que deverá acompanhar o desenvolvimento das crianças até que elas adquiram autonomia para lerem. A tendência é que, se o hábito da leitura se cristalizar, os pequenos continuarão a desenvolvê-lo até a fase da adolescência, tornando-se bons leitores na fase adulta”, acrescenta Passoni.
“Os adultos são modelos de comportamento para os mais jovens. Por isso, os pais têm um papel crucial na promoção do interesse pela leitura entre as crianças e os adolescentes. Uma família que lê muito, por exemplo, incentiva os filhos a desenvolverem o hábito de ler. Assim como os pais que, desde cedo, colocam as crianças em contato com a leitura colaboram para que elas desenvolvam o gosto pelos livros”, declara Mucci.
Nesse sentido, há algumas sugestões que podem fazer toda a diferença para estimular os mais jovens:
“Os colégios devem divulgar e orientar os estudantes quanto às obras, buscando despertar o interesse pela leitura por meio da promoção de discussões, debates, dramatizações, exposições, rodas de leitura e qualquer atividade que torne a literatura divertida, interessante e prazerosa. É importante lembrar que os assuntos a serem abordados devem ser escolhidos a dedo, considerando a faixa etária dos estudantes e a finalidade de cada livro”, destaca Passoni.
“As escolas também devem encorajar as crianças e os adolescentes a lerem diferentes gêneros textuais, visto que todas as leituras podem representar uma experiência significativa. Além disso, os colégios devem destacar os pontos de familiaridade das obras com o universo cultural dos estudantes ou eventos da atualidade. Assim, as instituições despertam a curiosidade e o interesse dos estudantes ao revelarem que a leitura pode ser um instrumento para compreender o que está acontecendo no mundo e a si próprio”, afirma Mucci.
“Para as crianças e os adolescentes, é indicado trabalhar com livros que abordem as angústias, os desejos e as situações que costumam ser compartilhadas por estudantes nesta faixa etária. Além disso, histórias de divulgação e ficção científica também podem despertar o interesse desses estudantes, assim como obras que contem a história de personalidades como Galileu Galilei, Leonardo da Vinci e Santos Dumont”, sugere Passoni
“Nos últimos anos do Ensino Fundamental, ainda é válido introduzir a leitura de clássicos, como Cecília Meireles, Júlio Verne, Machado de Assis, Maria Clara Machado, Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Olavo Bilac, Pedro Bandeira, Raimundo Correia e Ruth Rocha. Sem falar em obras estrangeiras, como H. C. Andersen, Lewis Carroll, Mark Twain, a série de Harry Potter e alguns contos dos irmãos Grimm, que possuem traduções bem executadas e estão disponíveis nos formatos impresso e digital”, completa Passoni.
“Nessa faixa etária, a preferência por obras de ação com tramas que possuem muitos acontecimentos e personagens que geram uma identificação é comum. Nota-se que as histórias e as séries de livros que envolvem aventuras, fantasia e uma “pitada” de romance são as mais procurados pelas crianças e pelos adolescentes”, finaliza Mucci.
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